Momentos épicos: a ultima 'dança ' de Froome
O Giro d'Italia 2018 foi um palco de reviravoltas, drama e, acima de tudo, uma das exibições individuais mais marcantes da história recente do ciclismo. A etapa 19, com chegada em Bardonecchia, entrou para os livros como o dia em que Chris Froome protagonizou um ataque à moda antiga, daqueles que já não se via em grandes voltas.
A situação antes da etapa
Faltando três dias para o fim do Giro, Simon Yates liderava a classificação geral desde a etapa 6, apresentando um desempenho explosivo nas montanhas e consolidando-se como o favorito. No entanto, após um desgaste gradual nas etapas anteriores, ele começou a dar sinais de fraqueza.
Tom Dumoulin, o campeão do Giro 2017, aparecia como principal candidato a destroná-lo, enquanto Chris Froome, já dono de quatro títulos no Tour de France e da Vuelta 2017, estava em 4º na geral, a 3m22s da liderança. Precisava de um golpe de mestre para manter o sonho da Tríplice Coroa vivo.
E esse golpe veio de maneira épica.
O ataque de 80 km
A etapa começou em Venaria Reale, percorrendo 184 km rumo à meta em Bardonecchia, com três subidas importantes antes da ascensão final ao Jafferau. Mas foi no Colle delle Finestre, a subida de terra mítica dos Alpes italianos, que a corrida virou de cabeça para baixo.
A 80 km da chegada, logo no início da subida de 18,5 km do Finestre, Froome lançou um ataque inesperado, deixando todo o pelotão atônito. Era cedo demais? Seria um erro tático? Não. Era uma jogada calculada de um ciclista que sabia que só algo fora do comum poderia colocá-lo na briga pelo título.
Com a ajuda inicial de Wout Poels, Froome impôs um ritmo devastador e, ao notar que ninguém o seguia, decidiu seguir sozinho. Simon Yates, completamente exausto, ficou para trás e acabou perdendo minutos preciosos. Foi o colapso definitivo da sua liderança, enquanto Dumoulin tentava organizar a perseguição.
Froome, porém, estava imparável. Após o topo do Finestre, com a poeira cobrindo seu rosto e sua expressão focada, ele seguiu sua jornada solo, ampliando a vantagem sobre seus rivais. Não havia rádios ou estratégias convencionais que pudessem prever aquilo. Era ciclismo puro, instinto e coragem.
A chegada e a virada histórica
No Jafferau, Froome já tinha consolidado a maior parte de sua vantagem. Quando cruzou a linha de chegada com 3m da frente, tomou a camisa rosa de líder e fez história. De 4º na geral para 1º em um único dia.
Foi uma performance digna dos grandes campeões, uma das exibições mais dominantes do ciclismo moderno. A etapa 19 do Giro d'Italia 2018 ficou marcada como a última grande façanha de Chris Froome, que, após aquele Giro, nunca mais conseguiu repetir um desempenho tão destruidor.
Hoje, olhando para trás, a etapa 19 do Giro 2018 segue como um dos momentos mais icônicos das grandes voltas, e a última "dança" de um dos maiores ciclistas de sua geração.
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