Entrevista: Tiago Machado (coordenador Academia Efapel)
Tiago Machado passou 8 anos no World Tour (entre 2010 e 2018), repartidos por igual pela RadioShack e Katusha, com passagem entre essas duas equipas pela NetApp Endura (atual Red bull BORA hansgrohe) equipa na altura do segundo escalão, mas onde curiosamente se estreou na Volta a França em 2014 onde chegou a ser 3º na classificação geral (até ter uma queda horrível que quase o fez abandonar a prova). Durante esse período participou em 10 grandes voltas terminando todas, incluindo 3 Tour's de France, sendo a melhor classificação um top20,com o 19º na estreia no Giro d'Italia.
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Tiago Machado na frente do Pelotão do Tour de France pela Katusha-Alpecin |
Hoje é coordenador da Academia Efapel Cycling, e ajuda os mais jovens portugueses a cumprir os seus sonhos.
Contudo o ciclismo de formação em Portugal, e apesar da evolução dos ultimos anos, fica muito aquém das grandes potencias da modalidade. O Gregário de Luxo tentou, com alguém que está bem por dentro do assunto, perceber quais as maiores dificuldades que existem, identificar problemas e procurar eventuais soluções.
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Tiago Machado é agora coordenador da Academia Efapel |
Gregário de Luxo: Boa tarde Tiago, desde já muito obrigado, quando era ciclista ja pensava ajudar os mais jovens da formação? Quando houve esse 'click'?
Tiago Machado: Boa tarde, quando se aproximou o final de carreira era uma das coisas que me passava pela cabeça e quando o José Azevedo me fez o convite foi o click final.
Gregário de Luxo: Estando bem dentro daquilo que é o ciclismo de formção, quais são os principais problemas com que os atletas e as suas equipas/escolas de formação se deparam ao longo de uma temporada?
Tiago Machado: Na época passada acompanhei maioritariamente os sub-17, e comparando com o pais vizinho, falta-nos um calendário maia completo, não haver limitações de andamentos ser permitido o uso de rádios. É formação, se muitas das vezes não corriges os erros no momento, depois fica difícil.
Gregário de Luxo: Nesse escalão já é preciso haver uma transição para os sub23, é ai que na sua opinião está um dos grandes problemas dos nosso ciclistas terem dificuldade em chegar a grandes equipas, e na maior parte dos casos abandonarem mesmo a modalidade?
Tiago Machado: Infelizmente sim! Quando passas a sub-23, vais competir a maior parte das vezes com os profissionais (elites) e alguns vêm habituados a disputar as provas de juniores e e passam a ter dificuldades em acompanhar os melhores e ficam desmotivados.
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Aqui em funções de diretor desportivo |
Gregário de Luxo: No seu ponto de vista por onde passaria, não total, mas parte da solução?
Tiago Machado: Haver mais provas para os Sub23, de forma a fazer com que os que sobem de juniores evoluírem de uma forma mais normal.
Gregário de Luxo: Apesar da evolução, continuamos atrás das grandes potencias do ciclismo , acredita que daqui a 10 anos o panorama seja diferente?
Tiago Machado: Infelizmente continuamos, e já se faz muito para os recursos que temos. É arregaçar as mangas e ir á luta, para que daqui a 10 anos não estejamos a dizer a mesma coisa.
Mais uma vez agradecemos ao Tiago pela disponibilidade e dar os parabéns pela excelente carreira e pelo que faz pelo nosso ciclismo atualmente. Realmente não deve ser fácil para ninguém que esteja envolvido no nosso ciclismo de formação conseguir trabalhar sem ter as ferramentas necessárias. Faltam apoios, falta força de vontade daqueles que podiam (e deviam) fazer mais por esta modalidade que já tantas alegrias nos deu. Somos um pais que ja venceu etapas nas 3 Grandes Voltas onde já terminamos no pódio, prata Olímpica, e já fomos campeões do mundo não num passado tão longínquo assim. Podemos e devemos ser melhores.
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